Janeiro Natural
As superbactérias e o agronegócio
Atualizado: 22 de jun. de 2021

Entenda as superbactérias
Descoberta em 1928, a penicilina é o primeiro componente que fez parte dos antibióticos. Foi uma descoberta que salvou, e ainda salva, muitas vidas.
Mas logo foi percebida uma rápida resistência de diversas bactérias à substância. Isso porque as bactérias, quando expostas algumas vezes pela mesma substância, evoluem e criam imunidade aos antibióticos.
Quando temos uma infecção, logo tomamos algum antibiótico. É então que dois cenários podem criar uma superbactéria: quando não tomamos o medicamento de forma correta e até o fim do tratamento, as bactérias sobreviventes se tornarão resistentes a ele. No segundo cenário, mesmo tomando o medicamento de forma correta, algumas bactérias sobrevivem, se modificam, e, da mesma forma, criam imunidade à substância. Nos dois casos, essas bactérias podem se multiplicar e passar a mesma modificação para outras.
Hoje existem diversas superbactérias resistentes aos antibióticos.
Isso não significa que devemos abolir o uso de antibióticos, mas, sim, que devemos usar de forma consciente e controlada e somente quando necessário. Isso nos leva ao agronegócio.

Agronegócio, indústria de superbactérias
Para quem estiver com alguma dúvida de que o agronegócio é o principal vilão dessa história (e de tantas outras), começo com um número que, espero, assuste você, da mesma forma que me assustou: o agronegócio é responsável por cerca de 80% do consumo de antibióticos em países como Estados Unidos; 80% do consumo de antibióticos no mundo, é destinado ao consumo animal, sendo a pecuária, seu principal destino (dados da OMS).
Já poderíamos achar um absurdo se parássemos por aqui, mas o que mais preocupa infectologistas é o uso indiscriminado desses antibióticos. Eles são utilizados não apenas para tratar doenças, que são muitas em um ambiente sujo e superpopuloso ao qual esses animais são expostos; os antibióticos estão sendo usados para que o animal cresça de forma mais rápida, reduzindo os custos e aumentando o preço final.
Além de criar superbactérias em animais, que podem facilmente passar para seres humanos, o agronegócio está contaminando o solo e nossos lençóis freáticos, levando essas substâncias para lugares onde jamais estariam.

O que pode acontecer com isso? São diversos e perigosos cenários. Considerando a saúde humana, essas substâncias podem se espalhar e nós estaremos em contato com elas em doses maiores ou menores, ambiente ideal para que nós mesmos viremos fábricas de superbactérias. Considerando a saúde de animais não humanos (que está interligada à nossa), espécies e ambientes que nunca entraram em contato com essas substâncias, podem criar diferentes reações, mexendo no ecossistema da região. São diversas possibilidades e todas acabam se voltando negativamente para nós, animais humanos.
Dados futuros
- Está previsto que até 2030, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul aumentem em 99% o uso de antimicrobianos na pecuária.
- Até 2030, o consumo de antibióticos pela indústria pecuária no mundo aumentará 67%.

César Janeiro Groke Fundador da empresa Janeiro Natural Contato Facebook Instagram